sexta-feira, 13 de maio de 2016

Helena Almeida, Tela Habitada, 1976.

(PT)

Dessa costa recortada à toa contra o mar trouxe dias e dias de resiliência. Veio uma quantidade considerável de luz que não alumia sequer um poro da incompreensão que nego. O curioso em mim é o cultivo desta sede. Todos os dias rego meia seara na esperança de que a outra metade atraia a chuva a cair finalmente. Se me pergunta, não respondo. Se me tenta, cedo. Há dias em que pura e simplesmente olha o espelho e flecte o pescoço discordante. Ignora o brilho que tem.

(ES)


De esta costa recortada al azar contra el mar trajo días y días de la resiliencia. Vino una considerable cantidad de luz que no ilumina ni siquiera un poro de la incomprensión que niego. Lo curioso en mí es el cultivo de esta sed. Todos los días rego media cosecha en la esperanza de que la otra mitad atraiga la lluvia a caer por fin. Si me preguntas, no contesto. Si me provoca, asiento. Hay días en que simplemente mira al espejo y flexiona el cuello disidente. Ignora el brillo que tiene.

Sem comentários:

Enviar um comentário