sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mazatlán - México (2015)


(PT)
- São cento e cinquenta pesos. Fica por cem, se me garantir que haverá uma próxima noite.
(Que se foda!!! Estava a três quarteirões dali. Mas se não fosse por mim estaria por ai às voltas
na Praça da Republica.)
Propôs o caminho mais rápido.
(Porra… só havia um)
Não me esbofeteou.
Muito profissional.
Parava nos sinais vermelhos.
Travava nos amarelos.
Abrandava nos verdes (nunca se sabe).
- Se chegamos a tempo, dou-lhe cinco euros mais...
de madrugada, sempre arrastava os pés porta fora.


(ES)
-Son ciento cincuenta pesos. Lo dejo en cien, si me garantiza que habrá una próxima noche
(Que se joda!!! Estaba a tres cuadras de allí pero si no fuera por mi
Estaría dando de vueltas
A la Plaza de la República.)
Me propuso el camino más rápido
(Cojones!!! No habia otro)
No me pego una hostia
Era muy profesional.
Paraba en los semáforos rojos.
Frenaba en los amarillos
Ablandava en los verdes (por si acaso).
-   Si llegamos rápido, te doy cinco euros más…
al amanecer, siempre arrastró sus pies por la puerta.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Mazatlán - México (2015)

(PT)
de madrugada, sempre arrastava os pés porta fora,
calçada quente abaixo.
eu sabia-a desde que sou gente
escondida entre as saias pretas e os xailes
feios de circunstânciafeios de circunstância
a chorar
funeral sim funeral não
e a lamentar aos lenços fungosos que
“o ‘mai mal era dos que partiam”
que para esses não havia remédio.
lavava os mesmos farrapos na represa há anos
estrangulando as pedras com um esfregão verde
resmungando entre dentes contra
presidentes de junta engravatados
que comparava aos suplentes da bola
- sentados e a não fazer um caralho.
tinha um campo,
terreno de semeadura
coisa pequena mais dois ou três barracos
um galinheiro com quatro ou cinco galinhas.
volta e meia podava aqui e ali
mas as poucas árvores que eu via
não davam filho e estavam condenadas
aos enxertos de quem não sabe o que é fruto
tão mirradas e tão pálidas como
as espigas em ano mau
entregues à podridão da semente
e alheias ao chegar novo de cada abril.
e se eu disser que não tinha eira
não tinha filhos
nem tampouco sabia o que era ter homem
e que o diabo carregasse
as que os tinham às mãos cheias,
não minto.
e todo o ano era esperar
esperar,
esperar um maio seguinte
em que pudesse dar o nome para a excursão
porque raios partam se não tinham mesmo
aparecido os três pastores em frente à virgem
tocados, palavra de honra, pela promessa
de que vinha aí coisa ruim
se não bradássemos aos céus
as cinquenta ave-marias e salve rainhas a galope.
e era sempre a primeira a chegar ao adro da igreja
- pataniscas e azeitonas e broa de milho e o garrafão
de maduro prontos e impacientes
para os quilómetros de peregrinação
sentada
a ouvir o terço
rosário de pérolas amarrado à mão esquerda
a passar as contas à pressa, como quem não sabe
se faltam oito ou oitenta
até à última área de serviço.

(ES)
al amanecer, siempre arrastró sus pies por la puerta,
por la carretera caliente abajo
yo la sabia antes de ser persona
escondida entre faldas negras e sus bufandas
feos de circunstanciafeos de circunstancia
llorandollorando
funeral si funeral no
y lamentando los paños mucosos que
“el mi mal era los que partían”
que para eses no había remedio
lavaba los mismos trapos en el rio desde hace años
estrangulando las piedras con un estropajo verde
refunfuñando entre los dientesrefunfuñando entre los dientes
contra los presidentes del ayuntamiento de corbata
que comprava a los reservas de la bola
sentados y no haciendo un carajo!
tenia un campo,
terreno de siembra
cosa pequeña más dos o tres chabolas
un gallinero con cuatro o cinco gallinas
alguna vez iba a podar
pero los pocos arboles que veía
no daban hijos y estaban condenadas
a los injertos de quien no sabe lo que es fruto
tan marchitas y pálidas como
las espigas en malo año
entregadas a la sementera podrida
y ajenas al llegar nuevo de cada abril
y si yo dijera que no tenia era
no tenia hijosno tenia hijos
ni tampoco sabia lo que era un hombre
y que el diablo cargase
a las que los tenían a manos llenasa
no miento.
Y todo el año era esperar,
Esperar,
Esperar el mayo siguiente
En que pudiera dar el nombre para la excursión
Porque joder si no es verdad
Que aparecieron los tres pastores delante de la virgen
Tocados, lo juro, por la promesa
De que venían por ahí cosas malas
En caso de que no bramáramos a los cielos
Las cincuenta ave marías y salve la reina a galope
Y era siempre la primera a llegar a la plaza de la iglesia
pataniscas de bacalao y aceitunas y pan de maíz y la garrafa
de maduro listos e impacientes
para los kilómetros de peregrinación
sentada
a escuchar
el rosario de perlas atado a la mano izquierda
pasando las cuentas deprisa, como quien no sabe
si faltan ocho u ochenta

hasta la última estación de servicio.